terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Geocaching @ Condeixa

Já tínhamos apalavrado há alguns tempos tirar um dia para andar pelos arredores de Coimbra e fazer geocaching juntamente com o Ludgero, a Inês e a Joana. Neste fim-de-semana prolongado ou feriado, se preferirem, surgiu a oportunidade de o fazer e, apesar de a Sandra estar um bocado indisposta, não era nada que impedisse a aventura e lá metemos provisões na mochila e seguimos em frente. Por sorte as previsões meteorológicas não eram muito más e o tempo não nos pregou partidas. Decidimos ir para a zona de Condeixa, pois ainda havia aí algumas caches no meio do campo por fazer, entre as quais estava uma que descansa escondida nas Buracas de Casmilo, e que já tínhamos debaixo de olho há algum tempo, e da qual faríamos o ponto alto do dia (mais tarde verificámos que foi de facto o ponto alto, mas não apenas por ser uma paisagem fantástica...).

Para aproveitar o dia, decidimos partir de manhã da Praça da República pelas 9:30. Toda a gente pontual, e lá fomos nós a caminho, pelo IC2.

A primeira paragem foi num simpático monte onde está a igreja da Senhora do Círculo, que, na verdade em si não é nada de mais como monumento, já que foi restaurada e modernizada de uma forma bastante típica. O monte em si, por outro lado, é um local bonito para se estar apreciando as belas vistas da Serra do Sicó de um lado e do Baixo Mondego do outro.
Bem, quanto à cache em si devo dizer que não foi tão fácil dar com ela quanto deveria ter sido já que fomos todos procurar para locais indevidos, induzidos em erro pelo GPS. Depois de nos introduzirmos aos Quercus coccifera (vulgo, carrascos) presentes na zona (com os quais viríamos a ter novas aventuras mais tarde) durante um bom bocado, lá voltámos ao ponto de partida e - voilá! - eis que a Inês dá com a cache! Afinal, estava logo ali, no último sítio onde procurámos...

De regresso ao bólide, a próxima paragem eram as Buracas de Casmilo. Ora, para lá chegar já foi uma aventura em si, já que sempre que nos deparávamos com uma bifurcação, invariavelmente tomávamos a opção errada... Depois de várias ajudas de nativos, e até problemas de engarrafamento no meio de caminhos de pedra devido a uma miscelânea de gado caprino e ovino, lá encontrámos o Vale das Buracas! Estas cavidades na rocha esculpidas pelos agentes erosivos ao longo de muitos e muitos anos originou locais que desafiam a imaginação. Como por exemplo a Joana disse: "agora entrava para ali um tipo de espada para combater um dragão" (ou qualquer coisa do género). Depois de nos maravilharmos com a grandiosidade do local e já termos experimentado o excelente eco que havia no local com vários comentários idiotas gritados em voz alta, decidimos ir à nossa busca. Como o GPS apontava para cima de uma das buracas, e porque não encontrámos à primeira vista local para escalar, decidimos ir à volta já que havia um trilho que subia o flanco da buraca. Bem, lá subir subia, mas a verdade é que não subia para onde precisávamos... Continuámos e continuámos, até não dar mais, altura em que começamos a escalar um pouco. Em cima do lapiás, coberto de mato denso e alto depressa nos apercebemos que não era este a rota de aproximação à cache, certamente. A progressão era lenta, já que tínhamos que abrir mato com os braços e pernas, e ter cuidado onde meter os pés pois fendas é o que não falta em formações de lapiás, e depois de continuarmos um bom bocado (de tempo, não de espaço) naquele matagal e de nos "regozijarmos" de ter aumentado a dificuldade de uma cache 3,5 para 4,5 ou mesmo 5 (numa escala de 1 a 5), decidimos voltar para trás, já que a progressão tornava-se impossível a certo ponto. Para agravar a experiência, o Ludgero bateu com o joelho numa pedra, quando já estávamos no regresso, pelo que tivemos que redobrar a calma e cuidado com que progredíamos no mato e no lapiás. De volta à entrada da buraca, a Sandra imediatamente achou umas escadinhas por onde deveríamos ter trepado inicialmente... Isto de nos metermos pelo caminho errado já aconteceu tanta vez que já começo a deixar de ficar supreendido... Arranhões, espinhos e estafa para nada, quer dizer, para mais tarde recordar, em amena cavaqueira com terceiros, porventura. Ainda antes de subir toda a gente, facilmente a Sandra encontrou a cache, logámos e descemos para almoçar, para repôr as forças, já que depois desta, havia mazelas a debelar por entre as hostes.
Almoço concluído e estávamos prontos para continuar. O próximo passo seria a cache do Moínho do Outeiro, que estava muito perto das Buracas de Casmilo. Depois de passarmos pela povoação de Serra de Janeanes e de, pela 1ª vez, não nos termos enganado no caminho, lá encontrámos o moínho. Já conhecíamos este moínho da cache Cabeça de Vento em Penacova, (que nos leva ao Museu do Moínho) o qual tem rodinhas. Infelizmente, o seu estado de conservação não aparentava ser o melhor. Quanto à cache, foi fácil dar com ela, praticamente todos ao mesmo tempo. Neste monte também pudemos disfrutar de boas vistas, dada a localização relativamente elevada. Findada a última cache em ambiente mais silvestre e rural que tínhamos planeada para hoje, começámos a pensar em dirigirmo-nos à civilização, pois as outras duas caches que faltavam levavam-nos para mais perto de Condeixa, nomeadamente às Ruínas de Conímbriga e aos restos do castelo de Alcabideque. E, para dizer a verdade, depois da sova que levámos nas Buracas com o nosso corta-mato, não havia tempo para muito mais que estas duas caches de dificuldade baixa. Chegados a Conímbriga, não foi difícil até dar com a cache embora tivéssemos que recorrer à nossa helpdesk habitual (a Diana) para retirarmos um dado necessário para fazer no futuro uma cache mistério. Ainda ponderámos visitar as ruínas, mas tal não se proporcionou já que o tempo com luz disponível já não era muito e estar a visitar um local destes com pressa não é o ideal. Só haveria luminosidade para irmos até Alcabideque tratar da cache de lá. Não foi nada difícil dar com ela, a dificuldade foi deitar-lhe a mão sem que fôssemos notados pelos nativos, dado o local bastante amplo e central da pacata aldeia/vila(?). Felizmente, tínhamos patos e gansos para alimentar, facto que nos tornava bastante inconspícuos. Depois desta, o cansaço acumulado já se fazia notar e como não tínhamos mais tempo nem trabalho-de-casa preparado para mais, rumámos até Coimbra, onde chegámos já ao escurecer. Lanchámos na gelataria (chocolate quente e torrada, que mimo) com roupas sujas com terra e detritos silvestres variados, mas ninguém deve ter ficado muito chocado já que não nos atiraram com coisas. No final, passámos uma tarde bem recheada de aventura e episódios, desde a busca sem norte na Senhora do Círculo, passando pelas voltas nos caminhos de Casmilo e, claro, acabando na nossa incursão radical nas Buracas...

As fotos aqui postadas são versões redimensionadas dos originais, tirados pelo Ludgero ou pela Joana.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Saída micológica, Mira

Foi um bocado agreste dado o jantar prolongado da noite anterior, mas lá nos levantámos às 7 da manhã para ir a mais uma saída aos cogumelos. A Sandra fora convidada pela professora Teresa Gonçalves para comparecer a esta saída organizada pela AAMARG, e eu fui por arrasto. Aí pelas 9:30/10:00 já estávamos no campo. Estava muita gente por lá, cerca de 100 pessoas, desde académicos a colectores tradicionais passando por muitos curiosos. Como toda a gente foi dividida em grupos que seriam (supostamente) liderados por um orientador, a Sandra tratou de orientar um grupo e eu segui atrás. Os locais escolhidos foram pinhais perto da costa. Como a velocidade de progressão dos ávidos colectores era muito grande para alguém que tinha toda a pachorra do mundo para ir achando uns macrofungos e fotografá-los, acabei por me separar do grupo e fui vagueando pelo pinhal, fotografando o que achava interessante. Encontrou-se muita coisa, tanto comestível como não comestível, desde vários Amanita, montes de Boletales (Suillus, Xerocomus e até Boletus edulis), Sarcodon imbricatus, Gymnopilus spectabilis, bastantes Tricholomas (flavovirens - míscaros, caligatum, saponaceum, etc.), Lycoperdon, Thelephora terrestris, Hygrocybe, Macrolepiota procera e rhacodes, and so on and so on.

Já na parte final da saída, a Sandra tornou-se o centro das atenções de todos ao ter encontrado uma mortal Amanita phalloides, já que foi a única a ser encontrada e era um espécime digno de ser fotografado num guia de campo.
Provavelmente o "bicho" que mais gostei de ver foi um Myxomycota que a Sandra encontrou também, talvez da espécie Leocarpus fragilis. Depois do campo, os presentes tiveram a oportunidade de ir almoçar a um restaurante que nos serviria vários cogumelos. Foi-nos dado a provar Hydnum repandum (nada de mais, a meu ver), Cantharellus lutescens (consistência diferente, parecia marisco, é bom), Cantharellus cibarius (parecia bom, mas o sabor estava difuso pois este vinha acompanhado de molho de natas) e finalmente o prato era arroz de carne cozida com míscaros. Estava bom, mas não era nada de mais. A melhor surpresa foi o Cantharellus. Depois do almoço, seguiu-se uma sessão de apresentações orais sobre temas básicos inerentes à micologia, como colher, como identificar um macrofungo perigoso e/ou comestível, etc. (o habitual para os curiosos que frequentam estas actividades). A identificação dos fungos recolhidos no campo também foi efectuada com recurso a guias, quase todos da Sandra e da prof. Teresa. Ficámos um bocado ainda a identificar cogumelos aí até as 18:00, altura em que já estávamos a ficar cansaditos e decidimos ir para casa. Ainda serviriam um lanche com os cogumelos comestíveis capturados na manhã, mas decidimos não experimentar o lanche alternativo e lá viemos para casa.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Aranha? Não, Opilione!

Como já falei várias vezes nestes bicharocos, pode ter acontecido que o leitor se tenha apanhado desprevenido e tenha pensado "o que é um Opilione?"
Ora, um Opilione é um primo das Aranhas, sendo também pertencente à classe Arachnida (os Opiliones e as Aranhas pertencem a duas ordens distintas). Á primeira vista uma pessoa inexperiente no campo pode confundir o dito opilione com uma aranha. Tal como ela, tem 4 pares de patas, pedipalpos e quelíceras, mas, ao invés, as suas duas secções corporais (o prossoma e opistossoma) estão unidas numa só. Já as aranhas, possuem essas duas distintas secções bem visíveis, já que estão separadas por uma pequena junção, o pedicelo.
Os ingleses chamam a estes animais "harvestmen" porque antigamente se pensava que estes armazenavam comida para se juntarem em grandes grupos (podem ser encontradas grandes aglomerações de algumas espécies de Opiliones em locais húmidos e protegidos, mas provavelmente isso deve-se a factores ambientais ou de protecção contra predadores).
Ao contrário das aranhas, estes animais não possuem glândulas de veneno, não representando qualquer ameaça para um humano. A sua única defesa contra predadores são secreções repelentes que eles libertam por uns orifícios na frente do corpo.
A nível de formas que se podem encontrar e distinguir no campo, os mais comuns são os Phalangiidae e nomeadamente a espécie Phalangium opilio, que é ubiquista, e que tem normalmente o aspecto do Opilione no esquema seguinte. O corpo de um adulto deste tipo mede mais coisa menos coisa 7 mm, sendo as patas o que mais salta à vista. Também de patas compridas, mas com quelíceras grossas e grandes, existem os Ischyropsalis (família Ischyropsalididae, dizer à primeira sem gaguejar!), que parecem autênticas retro-escavadoras. Na viagem à Madeira, encontrámos alguns Ischyropsalis nos túneis da Levada do Caldeirão Verde, apanhei alguns na esperança que fosse uma espécie endémica, mas na verdade trata-se de I. hispanica, que fora introduzido na Madeira pelo Homem. Aqui uma macro em grande estilo de um I. hellwigi.No entanto, há também grupos mais pequenos, como os membros da família Nemastomatidae, que atingem tamanhos corporais de cerca de 3 ou 4 mm, e as suas patas qualquer coisa como 1 a 2 cm de comprimento. Aqui um Nemastoma na wikipédia. Também pequenos e de patas curtas existe um género muitíssimo comum em armadilhas pitfall, o género Homalenotus, cujas espécies não são normalmente de fácil identificação; estes pequenos Opiliones são característicos pelas suas protuberâncias espinhosas e por muitas vezes terem restos de sedimentos em cima do corpo. Ainda outro formato diferente destes curiosos animais é o presente na família Trogulidae, os opiliones achatados, que muitas vezes também se encontram com bocados de sedimento por cima do corpo: aqui um Trogulus.
A nível de diversidade este grupo não é tão diverso como as aranhas (>800 spp. em Portugal), rondando as 40 spp., sendo que como se trata de um grupo menos estudado que as aranhas, é provável senão certo que hajam mais espécies por relatar e por descrever.
Ah é verdade! Já me esquecia desta: não confundam os Pholcus phalangioides (uma aranha) que encontram nas vossas casas com Opiliones. Além das divisões do corpo, os Opiliones não fazem teia ao contrário das aranhas. E como o P. phalangioides também possui patas muito finas e compridas (e com tarsos pseudo-segmentados) esta é uma confusão habitual.
Bem, espero ter deixado algumas noções sobre estes parentes das aranhas. Não falei de todos os grupos que existem em Portugal, mas certamente que falei nos principais.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Retro gaming I

Para quem me conhece, sabe que gosto de jogar um bom jogo de computador de vez em quando. Já fui até mais viciado do que sou agora, como é normal, dado o passar dos anos, e quem me conhece já desde há algum tempo sabe o tempo que passei a jogar jogos como Unreal Tournament, Aliens vs Predator (1 e 2), FIFA (de 199X a 2000) e principalmente, WORMS!
Mas mesmo para os amigos que já me conhecem há muito tempo, se lhes perguntassem quais os primeiros jogos de computador que eu joguei, a resposta seria algo como um "não sei", ou então qualquer coisa de errado. Os primeiros jogos que joguei estavam no Atari 800XL que era do meu irmão, e no qual joguei até ter a minha Mega Drive. Antes de surgirem as ditas consolas, algo tão simples e banal como um gamepad era estranho. Era o joystick que dominava e as plataformas onde se jogava davam até para programar em linguagens bastante simples e tinham teclado (Atari's e Spektrum's). Os jogos eram inseridos num gravador de cassetes e demoravam uma eternidade até carregarem, no caso do Atari do meu irmão.
Vou periodicamente assinalar alguns dos jogos que durante a minha infância, ajudaram a que desenvolvesse capacidades cognitivas, e que, por outro lado, também me fizeram perder tempo que poderia ter gasto a fazer trabalhos-de-casa da escola.
É claro que não vou pedir ao leitor que vá arranjar um Atari ou um Spektrum que funcione mas como hoje temos essa ferramenta que é a Internet convido-vos a jogarem um pouco de Frogger!
Vai até a http://www.freefrogger.org/ e ajuda os sapos a chegarem aos seus refúgios, atravessando a estrada e depois o rio. Se, ao começares a jogar dás por ti a pensar que isto é para meninas, aguarda só até chegares ao nível 4 para a adrenalina começar a subir com travessias arriscadas e ultra-rápidas! Uma fiel reprodução do jogo que terá feito as delícias dos primeiros jogadores de computador.
O meu high-score pessoal de momento é: Nível 10 » 41.850 pts (6.I.2010).
Have fun. :)
De notar o facto de os anfíbios serem hoje dos animais que mais sofrem com as nossas estradas, as quais cortam o caminho até charcos temporários onde os animais acasalam, além de serem também os anfíbios dos vertebrados que mais directamente sofrem com as alterações climáticas e com a poluição.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Póvoa Dão

No passado fim-de-semana fui com a Sandra até à Póvoa Dão, uma pitoresca povoação a alguns km de Viseu. Este local tem sido restaurado e terrenos circundantes têm sido restaurados por uma conhecida empresa de construção e como andam a fazer o levantamento da diversidade local em conjunto com algumas Universidades, coube à Sandra tratar dos macrofungos da zona. Aproveitei para colaborar no trabalho de campo e ir passear um bocado. Tínhamos boas condições já que a empresa está a explorar a povoação para turismo rural e de habitação e tivemos à nossa disposição uma casa onde ficar e refeições.

No sábado de manhã, partimos cedinho de Coimbra, juntamente com um colega nosso (José Cerca) do 2º ano que também está a colaborar com o projecto, mas na parte das plantas. Depois de nos instalarmos devidamente, lá nos pusemos a procurar coisas, principalmente fungos. No final dos 2 dias de fim-de-semana tínhamos avistado e recolhido uma grande panóplia de macrofungos: desde os "corais", "taças", "prateleiras", fungos gelatinosos (aquele Tremella mesenterica amarelo ali na foto) passando por quase todas as famílias existentes em Portugal de cogumelos clássicos de chapéu e pé, e acabando nos fungos "bola", só para citar alguns tipos (encontrámos até um Myxomyceto!). No que diz respeito à sua "culinaria-bilidade" alguns comestíveis (poucos), muitos tóxicos e alguns até mortais, como a Amanita muscaria (o vermelho na foto) ou a A. phalloides!
De assinalar também que no sábado apanhámos uma grande molha... Já estávamos de sobreaviso por causa das previsões meteorológicas, de modo que todos tínhamos algumas peças impermeáveis vestidas mas mesmo assim, acabámos o campo às 15:30 porque já começávamos a estar molhados (eu em particular diga-se...) de um modo bastante significativo.

Como é praticamente impossível eu andar no campo sem pelo menos virar uns calhaus ainda trouxe alguns aracnídeos e nem tudo foi banal já que pela primeira vez no campo encontrei Amaurobius em Portugal, já tinha encontrado A. similis em Espanha mas em Portugal nunca tinha visto. Desta feita, foi o A. occidentalis, já citado para o país e presente no Norte. Também encontrei um refúgio de Atypus affinis, uma aranha bastante "primitiva" que existe em Portugal, mas não recolhi o animal pois não valia a pena; o seu refúgio é subterrâneo, a aranha passa quase toda a sua vida dentro daquele tubo de seda coberto com restos de terra e de manta morta, saindo apenas para dispersar quando juvenil ou quando um macho adulto abandona o refúgio para ir achar uma fêmea e o método pelo qual caça as suas presas inspira uma cena de terror, já que as presas são literalmente trespassadas pelas enormes quelíceras desta aranha, de dentro para fora do tubo sedoso, e depois puxadas para baixo (para depois a abertura ser remendada a pronto pelo Atypus) para serem devoradas. A nível de aranhas interessantes, foi só. Também trouxe alguns Opiliones e penso que poderei ter capturado uma espécie que não estava confirmada para Portugal, Leiobunum rotundum, mas ainda tenho que confirmar isto quando enviar o bicho a um investigador espanhol que é especialista em Opiliones (e tenho que fazer um post a explicar o que é um Opilione, já que poderei falar neles mais vezes).


sábado, 7 de novembro de 2009

Myrtilis

Desloquei-me ao Alentejo profundo com o objectivo de ajudar a colega Joana Seta no trabalho de campo da sua tese de mestrado. Foi até agora a minha viagem mais longa como driver, correu tudo bem na estrada. Aproveitei, obviamente, os meus connects por entre o povo mertolense para ficar alojado em casa de amigos e, mais particularmente, na selva de livros e outros elementos de armazenamento de informação que é o quarto do Tó.
Dia 5 alas que se faz tarde, bora pó campo. O local do estudo era o terreno da mina Neves - Corvo (entre Mértola e Almodôvar) e alguns terrenos circundantes. Já que na mina a preocupação com a segurança estava sempre em primeiro plano, então lá ía eu de capacete e colete brilhante de visitante. Os terrenos da mina tinham o típico aroma metálico causado pela indústria mas lá se encontraram algumas aranhas, opiliones e até um solífugo (Gluvia dorsalis, claro, o único que existe em Portugal). Depois de almoço saímos dos pontos dentro dos terrenos da mina e andamos no típico montado de azinheira presente naquela região. Já era de noite quando consegui com sucesso encontrar uma toca de Iberesia machadoi, uma buraqueira de porte considerável. Depois de escavada a toca, lá consegui tirar a ocupante cá para fora, era uma brutal fêmea adulta!
Cheguei a casa dos Matos já por volta das 9 e tal, mas ainda tive tempo para ver o Benfas a dar 2 ao Everton. Agora o próximo passo era recuperar um pouco para o segundo dia, que prometia ser mais intenso que este.
Neste dia fiquei a saber também acerca de um elemento linguístico do dialecto local relacionado com a aracnologia, "ana-clara" (ou anaclara?). Ora, o que é uma "ana-clara"? Dizem as vítimas de sua picada quando chegam ao centro de saúde de Mértola ao médico "Olhe, fui mordido por uma ana-clara." O nome científico de uma ana-clara é Buthus ibericus, e é na verdade o mesmo que lacrau, ou escorpião. Apesar de dolorosa, a sua picada não evolui para nada mais grave do que uma dor intensa nas horas seguintes à picada.
Dia 6, toca a acordar às 7 de la matina para ir para o campo a horas decentes. O plano de trabalho foi semelhante ao do dia anterior, mais aranhas e opiliones e mais 3 tocas de Iberesia escavadas, (com sucesso em remover o ocupante em bom estado apenas numa delas) e ao final do dia uma dose de cansaço considerável, pois como andei o dia quase todo a olhar para o chão, de cócoras ou de joelhos, em busca de tocas de buraqueiras e a virar calhaus, estava com uma dor de costas jeitosa.
Bem, findado o trabalho de campo, era ir dormir que amanhã a viagem era longa, já que o Tó me convidou para ir ao rasganço dele à velha Coimbra. Ainda o tinha que o ir buscar a Évora, e ainda andei às voltas com o carro em ruas brutalmente estreitas, mas correu tudo bem.
E pronto, este relato de trabalho de campo no Alentejo profundo acaba aqui, pois chegados à noite de Coimbra, nada do que se passou depois tem algo minimamente a ver com o que acabei de escrever (2 fulanos nús a correr pela cidade, diga-se...).

Uma última nota acerca do grande dialecto local de Mértola, que tem mais dois termos relacionados com a aracnologia:

Tiaça » teia de aranha
Cavalão » Pholcus phalangioides ou vulgarmente, um aranhiço (aquelas aranhas de patas compridas e corpo pequeno), julgo que também se pode aplicar a opiliones...

sábado, 31 de outubro de 2009

Cachada pelo PNSAC

Juntamente com a Joana Vindeirinho (a.k.a Selénia), decidimos ir fazer mais umas caches pela zona serrana aqui do PNSAC. Para aproveitar o dia, fomos logo bem cedo, renegando a preguicite aguda normalmente presente ao sábado de manhã. Começámos pela zona das Pedreiras, onde haviam duas caches, uma até já tinha feito mas aproveitei para levar lá a Sandra e a Joana, já que ficava no caminho de uma outra que ainda não tinha feito. Foi um belo passeio matinal até à Gruta dos Caçadores, por caminhos ancestrais rodeados de medronheiros carregadinhos com o seu pitoresco e saboroso fruto, e também avistámos cogumelos variados, como Suillus (bellini?), Macrolepiota procera (a.k.a. tortulho), Agaricus sp. e Scleroderma sp.Depois de achadas com sucesso os ditos "tesouros", e como ainda havia tempo antes de almoçar para mais qualquer coisa, demos um saltinho à Batalha e aviámos a cache do Campo Militar da Batalha de Aljubarrota (que é em São Jorge, para quem não sabe) e ainda levámos a Joana a fazer uma cache junto do Mosteiro da Batalha, sempre uma paragem obrigatória nesta zona. Chegados à hora do almoço, e porque a caminhada matinal já despertava os nossos estômagos, fomos comer uma bela pizza na L'italliana e, talvez devido à tal caminhada, foi das que até agora melhor me souberam lá até agora. Depois de almoço decidimos ir ou para a zona do Alqueidão da Serra ou para a zona de Alvados, mas como ficámos a saber que a Rita não se poderia juntar a nós devido à apanha da azeitona fomos para Alvados. Como a maior parte das caches que tínhamos planeado fazer era fácil ainda fomos à Bezerra para fazer a cache mais difícil do dia, subindo um monte com um declive já interessante. Foi mais um passeio com pontos de interesse biológicos, como cogumelos (afinal estamos na altura deles), escaravelhos a fazer amor, lagartas de borboletas grandes, peludas e coloridas, e - claro! - aranhas! Avistei já a meio da subida do monte as esperadas tocas das tarântulas e comecei a tentar pescar algumas para mostrar à Joana, mas estava complicado, ninguém se queria mostrar, apesar de sentir as picadas na palha que enfiava toca abaixo. Depois de muito insistir, e quando já nos preparávamos para ir embora, lá consegui provar que não estava a imaginar coisas, trazendo uma Allocosa à entrada do seu buraco. Esta tinha filhotes às suas costas e talvez tenha sido essa a razão de tanta timidez. Depois de findada esta cache mais demorada, fomos aproveitar o tempo restante até ao final do dia com algumas caches mais fáceis na zona de Alvados.

Findadas as caches por hoje, voltámos a casa e a Joana foi até Leiria. O cansaço já não dava grande vontade de ir passear à noite mas como havia jogo de bola importante lá fomos ao Alqueidão da Serra até à Residência Laranjeiro jantar com o Abel e a Rita e ver o Benfas (a perder com o Braga, snif...).

domingo, 11 de outubro de 2009

Cabo Espichel

Eu e a Sandra fomos até ao Cabo Espichel., na zona de Sesimbra. O objectivo era ir ter com o aracno-chefe Cardoso, pois ele tinha mais material (sim, aranhas) para mim de Porto Santo. Apesar de ele já conhecer a zona bastante bem e a Sandra também já lá ter andado devido às suas saídas micológicas, aproveitámos fazer um reconhecimento mais intensivo, dada a existência de algumas caches na zona, algumas de dificuldade aceitável.
Lá andamos, primeiro pela zona do farol, e depois pela zona de um forte (ou vestígios daquilo que outrora foi um forte), onde abancámos para a bucha. Foi um passeio de curtos quilómetros até ao forte, mas a partir da hora de almoço o sol começava a puxar pelo físico e a fazer trabalhar as glândulas sudoríferas e ainda havia mais objectivos a alcançar.
O último troço levar-nos-ía à praia da Baleeira, uma recôndita reentrância nas arribas daquela zona, que só é acessível depois de efectuada uma razoável descida. Chegados lá abaixo (havia lá uma cache), a minúscula praia estava toda ao nosso dispôr e, mesmo sem estarmos equipados com fato de banho, como não havia ali transeuntes que porventura se preocupariam com a falta de vestuário adequado para um comportamento como o banho, lá fomos ao banho. O mar estava uma delícia e a banhoca foi revigorante...
Depois de aviada a cache começámos a pensar em voltar para os carros, e isso implicaria um esforço daqueles "interessantes", já que para além do cansaço muscular, desidratámos bastante e não estávamos convenientemente abastecidos de recursos hídricos. A subida foi bastante penosa, mas lá chegámos aos carros depois de muito pensar em garrafas de água fresca. Antes de nos separarmos, nada como parar num tasco para buer e conversar mais um bocado!
Mais um dia bem passado, a conhecer uma zona nova e a fazer caches. E ainda está para vir o dia em que se combina qualquer coisa com o Pedro e não levamos uma esfrega. :)

domingo, 4 de outubro de 2009

Viagem à Madeira

No passado dia 24 de Setembro eu e a Sandra deslocámo-nos à ilha da Madeira para uma semana de caminhadas pela ilha. Ficámos em casa da Celina Pereira, uma amiga que conheci por intermédio do Dr. Jorge Paiva. Junto segue-se um diário de viagem, para quem estiver curioso:

Dia 0 (24 Set.): como o nosso vôo era à tarde, chegámos a casa da Celina já ao final da tarde, o único registo digno de se fazer é que ao jantar fomos provar a típica espetada em pau de loureiro a um restaurante. Estava do melhor!

Dia 1 (25 Set., sexta): como eu queria ir ao Museu Municipal do Funchal (MMF) para pedir acesso a material biológico que está depositado lá, e como ainda não tínhamos delineado muito bem a coisa, decidimos ficar pela civilização neste dia. Aproveitámos para começar a fazer geocaching pelas urbanas que haviam pelo Funchal e tivémos um péssimo aproveitamento, 0 em 3, que horror... Aproveitámos para comprar uns maracujás no Mercado dos Lavradores: ficámos um bocado abananados com os 15 euros que gastamos mas pelos vistos é um preço normal para o que trouxemos. Almoçamos na fast-food para despachar pois além de termos caches para fazer queríamos ir ao turismo arranjar uns mapas e ainda ao MMF, pois além de querer ir lá pelo motivo que já referi fiquei a saber que têm lá uma exposição de aranhas, e pronto, não podiamos mesmo deixar de lá ir. Para os curiosos, a exposição contém espécimes vivos de algumas das aranhas madeirenses mais exuberantes, a nível de tamanho, com especial destaque para as do género Hogna, pois este género é bastante diverso no arquipélago madeirense, com a Hogna ingens como sendo o membro mais imponente, esta aranha endémica só se encontra na Deserta Grande e é - segundo consta - o maior Lycosidae do planeta. Também de realçar a Hogna schmitzi, espécie endémica de Porto Santo, e altamente vistosa, com as patas de um cor-de-laranja vivo (devido a pêlos existentes nestas secções). Infelizmente, a pessoa que precisava de contactar para aceder ao material deles não estava e tive de voltar a combinar passar no MMF na segunda-feira. Depois disto, começamos a dirigirmo-nos para casa pois ainda havia uns km a percorrer até lá. Pelo caminho de volta encontramos a Rua dos Aranhas! :)
Durante o tempo que passamos nas estradas principais do Funchal, tivemos a oportunidade de nos rir com a campanha do PND para as legislativas. Um carro fúnebre passava volta e meia com a mensagem de "vamos sepultar a corrupção" e com altifalantes a passarem músicas minimamente estranhas para este tipo de coisas. Isso, e os coelhinhos de cartão que foram colocados por toda a cidade (já não me lembro o que diziam os coelhinhos).
Regressados a casa da Celina, depois de uma bela caminhada até São Martinho, decidimos que a primeira caminhada no campo seria à Ponta de São Lourenço.
Caminhada: 14,7 km (aprox.)
Cachada: 0/3


Dia 2 (26 Set., sábado): Então lá fomos nós para a Ponta de São Lourenço de manhãzinha, uma vez que a Celina foi espectacular connosco e entre muitas outras coisas que nos facilitou, emprestou-nos o jeep dela para o fim-de-semana. Como nós temos o péssimo hábito de dificultar a nossa própria tarefa enganámo-nos no estacionamento. Em vez de deixarmos o carro em N32º44.556' W16º42.088' parámos em N32º44.932' W16º42.399', se tivéssemos feito certinho é que seria de estranhar... Anyway, lá fomos calmamente, virando uns calhaus para ver o que aparecia com 8 patas. A caminhada iria começar a tornar-se mais agreste pois o sol estava a ficar bem alto e na Ponta não há sombra nenhuma mas lá chegámos ao destino, e fizemos a nossa primeira cache bem sucedida na Madeira (yey), Oasis. O problema era agora voltar para trás... Doeu bastante, mas fomos recompensados depois de chegarmos ao carro, pois assim que voltamos para trás encontrámos a placa da praia natural "Praínha", pelo que decidimos revigorar as nossas forças aí, nunca tinha experimentado praia de areia escura, muito porreirinha, a temperatura da água estava do melhor e bebi a Brisa Maracujá mais saborosa destas férias tal era o cansaço e a necessidade de refrescar. Findado este momento de lazer voltamos para trás e uma vez que ainda era cedo lá fomos fazer mais uma cache na zona de Machico que tava no caminho e como o jantar ainda não era para já ainda fomos dar um salto ao Cabo Girão para logar a earthcache de lá. Depois de muitas voltas por lá meio perdidos nas Fajãs do Cabo Girão lá encontramos o Cabo propriamente dito (optámos pela saída errada da via rápida). Já estava a cair o nevoeiro da noite nessa altura mas ainda deu para aproveitarmos o local um bocadito antes de voltarmos para casa. O jantar desse dia foi um belo bife de atum no forno com miscelânea de vegetais, do melhor, e mais uma vez, só temos de agradecer à Celina por nos ter confeccionado tal refeição. Depois do jantar, a Celina levou-nos a Câmara de Lobos para provarmos a poncha e a nikita, duas bebidas alcoólicas made in Madeira, eu como não sou apologista de coisas com muito álcool, achava a poncha um bocado dura mas a nikita bebe-se bem.
Caminhada: 8,3 km (aprox.), mas durinhos...
Cachada: 3/6

Dia 3 (27 Set., domingo): Para aproveitar o facto de termos o jeep da Celina à nossa disposição decidimos ir desta vez para a zona do Paúl da Serra e visitar o Rabaçal com a Levada das 25 Fontes como alvo principal. Partimos de manhã e fizemos a primeira paragem na Encumeada, onde procuramos a cache do mesmo nome que fica na Levada das Rabaças (que pensávamos que era a L. do Folhadal). Depois de encontrada a cache e findada a respectiva caminhada de aquecimento, lá fomos em direcção ao Paúl da Serra, um verdadeiro planalto no meio das montanhas e arribas da Madeira. Caminhámos até ao Rabaçal (é a descer para lá) e almoçámos por lá. De seguida achámos a cache da Rocha dos Louros que fica ali perto e fomos fazer a Levada das 25 Fontes. Neste primeiro dia de laurissilva o cenário era novo para nós e foi com muito prazer que fizemos esta Levada. O início da Levada é bastante curioso pois parece que são mesmo 25 fontes que pingam para a piscina.
Depois de feita esta Levada era hora de voltar para trás, pois o cansaço já se começava a acumular. E, pela milionésima vez, fomos os piores do mundo, pois quando já estávamos a chegar ao Rabaçal, olhámos para o GPS "olha, temos cache a 500 metros"... E pronto, la fomos descer a ribanceira num trilho aos S que nunca mais acabavam, para chegar ao sopé do monte, atravessar uma ponte e andar uns metros na Levada da Rocha Vermelha até à Casa dos Levadeiros. O caminho para o Rabaçal foi dos bocados de caminhada mais agrestes que já alguma vez fizemos, apesar de toda a paisagem envolvente ser brutal. Quando finalmente lá chegámos, achamos por bem ir para cima de carrinha, mesmo pagando 3 euros cada um (fecharam o trânsito para o Rabaçal há uns anos devido à estrada ser estreita, para evitar problemas com os turistas). A caminho de casa ainda achamos umas últimas forças para parar em vários locais do Paúl da Serra para virar uns calhaus à procurar de umas aranhas interessantes mas não tivemos sorte nenhuma.
Caminhada: devido aos demasiados S e ao facto de não se ver o trilho da Levada do Google Earth é impossível estimar o quanto andámos, mas foi uma brutal estafa...
Cachada: 6/9

Dia 4 (28 Set., segunda): Como já tinha combinado com a Dra. Ysabel Gonçalves lá no MMF e acordei com uma constipação considerável, hoje não estava para caminhadas de muitos km. Fomos de bus até ao Funchal e passamos a manhã no MMF a tratar dos assuntos que tinha para tratar. Almoçámos no Funchal e fomos visitar o Jardim Botânico, a convite da Celina. Foi interessante, especialmente a zona dos cactos e das suculentas.

















Depois do Jardim estava na hora de ir para casa, pois o tempo parecia que estava para piorar, haviam nuvens no céu e até caíram uns pingos. De qualquer forma, lá fomos andando, com calma. No caminho parámos no complexo balnear do Lido e decidimos experimentar a piscina natural que existia além das piscinas tradicionais, o mar talvez fizesse bem a minha constipação. Foi um momento agradável e acabamos por tratar da earthcache que tínhamos falhado na sexta-feira. Fomos para casa e começámos a pensar se iríamos para o campo no dia seguinte, dependendo do agravar ou melhorar da minha constipação.

Caminhada: levezinha mas ainda assim uns km do Funchal a São Martinho.
Cachada: 7/9

Dia 5 (29 de Set., terça): E levantar as 7 da matina de férias? Isso é que é. Como hoje estávamos dependentes da boleia da Celina até ao Funchal, acordámos por essa hora, e como me sentia melhorzito (mas ainda bem constipado) decidimos ir fazer uma das Levadas mais populares da Madeira, o Caldeirão Verde. Então lá fomos apanhar o bus que nos levaria até Santana pelo meio dos montes. Uma vez chegados a Santana saberíamos que o melhor que tínhamos a fazer era apanhar um táxi para a Casa das Queimadas pois caso contrário eu chegava lá acima e já não tinha forças para fazer a levada. Chegados às Queimadas iniciámos a levada e esta tornou-se o mais rico roteiro micológico que tanto eu como a Sandra alguma vez vimos! Fungos para todos os gostos, desde os típicos cogumelos de chapéu e pé, passando por fungos bola, fungos taça, Lycoperdon (os ingleses chamam-lhes puffballs), fungos corais, fungos prateleira, fungos "nhanha" e fungos em ninho de ovos (Cyathus striatus), aqui estão alguns:


















Depois de passarmos por vários túneis lá chegámos ao Caldeirão Verde, sempre acompanhados pelo forte verde da laurissilva, intercalado somente or esses bocados de escuridão cerrada descritos. No Caldeirão, tiramos as medidas a um calhau que lá estava para logarmos uma earthcache e almoçámos por lá, de modo a disfrutar do local.
Como eu cá não tinha muitas condições para continuarmos a levada na direcção do Caldeirão do Inferno e precisávamos de voltar a tempo de apanhar boleia da Celina que nos viria buscar, decidimos voltar para trás. No caminho de volta, a Sandra conseguiu meter a pata na levada depois de escorregar mas felizmente não se aleijou nem se molhou muito pois a levada era baixa naquele ponto, isto já foi o segundo azar pois no caminho para o Caldeirão ela já tinha conseguido dar uma bela cabeçada numa árvore tombada no caminho. O caminho de volta foi sem grandes paragens, até porque ainda teríamos de descer até Santana. Já nas Queimadas, enquanto recuperávamos algumas forças para enfrentar uma aborrecida caminhada no asfalto até Santana, um simpático casal francês que nos tinha visto a chegar de táxi de manhã ofereceu-nos boleia até Santana. Weee! Tivemos a oportunidade de praticar o nosso francês, que é muito pobre, diga-se... E pronto, em Santana, fizemos pouco mais que esperar que chegasse a Celina e regressámos a casa.
Caminhada: se não estou em erro o percurso das Queimadas ao Caldeirão são 6 km, por isso, uns 12 km mais umas centenas de metros em Santana.
Cachada: 8/10

Dia 6 (30 de Set., quarta): Para a nossa última caminhada planeámos fazer o trilho de montanha que vai do Pico do Areeiro até ao Pico Ruivo. Infelizmente, quando acordámos estava a chover no Funchal mas lá fomos, à boleia da Celina que como só tinha de estar no Funchal às 10 e tal, pôde levar-nos lá acima. Ainda pensámos que pudesses estar melhor na montanha mas quando estávamos aí aos 1000 metros apercebemo-nos que era geral e ficámos pelo café do Pico do Areeiro à espera que o tempo melhorasse. Era chuva, nevoeiro, vento e frio, pelo que caminhar era impossível, só para malucos mesmo. Parece que a montanha terá de ficar para uma próxima vez... Ainda por cima, tinha grande esperança em encontrar aranhas interessantes nesta caminhada... :((
Aí pelas 11 e tal decidimos voltar para baixo e tivemos a grande sorte de apanhar boleia de um simpático casal inglês a quem pedimos o jeitinho, que eles íam de táxi para baixo. Pelo caminho tivemos a oportunidade de ter uma conversa interessante com eles e o motorista. Ficaram um bocado espantados por sermos biólogos, e foi uma conversa pitoresca. De volta ao Funchal, lembramo-nos de ir tentar novamente uma das caches falhadas no dia 1, desta vez conseguimos. Demos 1 ou 2 giros e começamos a voltar para casa pois o tempo estava chuvoso e ainda tínhamos de ir arrumar mochilas para ir embora na quinta. Ao jantar, um último mimo da Celina aos hóspedes, peixe-espada-preto no forno!

E pronto, foi isto, foram férias mais saudáveis que já tive uma vez que não me recordo de andar tanto em tanto dia seguido. Acordar cedo (nunca depois das 9) e deitar cedo todos os dias (nunca depois da meia-noite), para ir conhecer um pouco da Madeira. Ainda deixámos muito para fazer, pelo que voltaremos, certamente.

Debut

Este vai ser o espaço que usarei para relatar algumas descobertas ou factos do mundo dos aracnídeos, mas não apenas isso, uma vez que viagens ou simplesmente saídas de campo também poderão ser relatadas aqui. Ocasionalmente algum report micológico da parte da Sandra também poderá ser colocado no presente espaço, tal como um qualquer assunto que nada tenha a ver com aracnídeos.
Isto visa substituir a minha página pessoal antiga (http://spiders.com.sapo.pt - já desactivada), que me dava algum trabalho a actualizar, e agora com estas coisas dos blogues isto fica mais simples, pelo que o velho site não é mais necessário, até porque grande parte dele constava dos meus registos de espécies capturadas em Portugal e há um bom site só para isso (http://www.ennor.org/catalogue.php).