No passado dia 24 de Setembro eu e a Sandra deslocámo-nos à ilha da Madeira para uma semana de caminhadas pela ilha. Ficámos em casa da Celina Pereira, uma amiga que conheci por intermédio do Dr. Jorge Paiva. Junto segue-se um diário de viagem, para quem estiver curioso:
Dia 0 (24 Set.): como o nosso vôo era à tarde, chegámos a casa da Celina já ao final da tarde, o único registo digno de se fazer é que ao jantar fomos provar a típica espetada em pau de loureiro a um restaurante. Estava do melhor!
Dia 1 (25 Set., sexta): como eu queria ir ao Museu Municipal do Funchal (MMF) para pedir acesso a material biológico que está depositado lá, e como ainda não tínhamos delineado muito bem a coisa, decidimos ficar pela civilização neste dia. Aproveitámos para começar a fazer geocaching pelas urbanas que haviam pelo Funchal e tivémos um péssimo aproveitamento, 0 em 3, que horror... Aproveitámos para comprar uns maracujás no Mercado dos Lavradores: ficámos um bocado abananados com os 15 euros que gastamos mas pelos vistos é um preço normal para o que trouxemos. Almoçamos na fast-food para despachar pois além de termos caches para fazer queríamos ir ao turismo arranjar uns mapas e ainda ao MMF, pois além de querer ir lá pelo motivo que já referi fiquei a saber que têm lá uma exposição de aranhas, e pronto, não podiamos mesmo deixar de lá ir. Para os curiosos, a exposição contém espécimes vivos de algumas das aranhas madeirenses mais exuberantes, a nível de tamanho, com especial destaque para as do género Hogna, pois este género é bastante diverso no arquipélago madeirense, com a Hogna ingens como sendo o membro mais imponente, esta aranha endémica só se encontra na Deserta Grande e é - segundo consta - o maior Lycosidae do planeta. Também de realçar a Hogna schmitzi, espécie endémica de Porto Santo, e altamente vistosa, com as patas de um cor-de-laranja vivo (devido a pêlos existentes nestas secções). Infelizmente, a pessoa que precisava de contactar para aceder ao material deles não estava e tive de voltar a combinar passar no MMF na segunda-feira. Depois disto, começamos a dirigirmo-nos para casa pois ainda havia uns km a percorrer até lá. Pelo caminho de volta encontramos a Rua dos Aranhas! :)
Durante o tempo que passamos nas estradas principais do Funchal, tivemos a oportunidade de nos rir com a campanha do PND para as legislativas. Um carro fúnebre passava volta e meia com a mensagem de "vamos sepultar a corrupção" e com altifalantes a passarem músicas minimamente estranhas para este tipo de coisas. Isso, e os coelhinhos de cartão que foram colocados por toda a cidade (já não me lembro o que diziam os coelhinhos).
Regressados a casa da Celina, depois de uma bela caminhada até São Martinho, decidimos que a primeira caminhada no campo seria à Ponta de São Lourenço.
Caminhada: 14,7 km (aprox.)
Cachada: 0/3
Dia 2 (26 Set., sábado): Então lá fomos nós para a Ponta de São Lourenço de manhãzinha, uma vez que a Celina foi espectacular connosco e entre muitas outras coisas que nos facilitou, emprestou-nos o jeep dela para o fim-de-semana. Como nós temos o péssimo hábito de dificultar a nossa própria tarefa enganámo-nos no estacionamento. Em vez de deixarmos o carro em N32º44.556' W16º42.088' parámos em N32º44.932' W16º42.399', se tivéssemos feito certinho é que seria de estranhar... Anyway, lá fomos calmamente, virando uns calhaus para ver o que aparecia com 8 patas. A caminhada iria começar a tornar-se mais agreste pois o sol estava a ficar bem alto e na Ponta não há sombra nenhuma mas lá chegámos ao destino, e fizemos a nossa primeira cache bem sucedida na Madeira (yey), Oasis. O problema era agora voltar para trás... Doeu bastante, mas fomos recompensados depois de chegarmos ao carro, pois assim que voltamos para trás encontrámos a placa da praia natural "Praínha", pelo que decidimos revigorar as nossas forças aí, nunca tinha experimentado praia de areia escura, muito porreirinha, a temperatura da água estava do melhor e bebi a Brisa Maracujá mais saborosa destas férias tal era o cansaço e a necessidade de refrescar. Findado este momento de lazer voltamos para trás e uma vez que ainda era cedo lá fomos fazer mais uma cache na zona de Machico que tava no caminho e como o jantar ainda não era para já ainda fomos dar um salto ao Cabo Girão para logar a earthcache de lá. Depois de muitas voltas por lá meio perdidos nas Fajãs do Cabo Girão lá encontramos o Cabo propriamente dito (optámos pela saída errada da via rápida). Já estava a cair o nevoeiro da noite nessa altura mas ainda deu para aproveitarmos o local um bocadito antes de voltarmos para casa. O jantar desse dia foi um belo bife de atum no forno com miscelânea de vegetais, do melhor, e mais uma vez, só temos de agradecer à Celina por nos ter confeccionado tal refeição. Depois do jantar, a Celina levou-nos a Câmara de Lobos para provarmos a poncha e a nikita, duas bebidas alcoólicas made in Madeira, eu como não sou apologista de coisas com muito álcool, achava a poncha um bocado dura mas a nikita bebe-se bem.
Caminhada: 8,3 km (aprox.), mas durinhos...
Cachada: 3/6
Dia 3 (27 Set., domingo): Para aproveitar o facto de termos o jeep da Celina à nossa disposição decidimos ir desta vez para a zona do Paúl da Serra e visitar o Rabaçal com a Levada das 25 Fontes como alvo principal. Partimos de manhã e fizemos a primeira paragem na Encumeada, onde procuramos a cache do mesmo nome que fica na Levada das Rabaças (que pensávamos que era a L. do Folhadal). Depois de encontrada a cache e findada a respectiva caminhada de aquecimento, lá fomos em direcção ao Paúl da Serra, um verdadeiro planalto no meio das montanhas e arribas da Madeira. Caminhámos até ao Rabaçal (é a descer para lá) e almoçámos por lá. De seguida achámos a cache da Rocha dos Louros que fica ali perto e fomos fazer a Levada das 25 Fontes. Neste primeiro dia de laurissilva o cenário era novo para nós e foi com muito prazer que fizemos esta Levada. O início da Levada é bastante curioso pois parece que são mesmo 25 fontes que pingam para a piscina.
Depois de feita esta Levada era hora de voltar para trás, pois o cansaço já se começava a acumular. E, pela milionésima vez, fomos os piores do mundo, pois quando já estávamos a chegar ao Rabaçal, olhámos para o GPS "olha, temos cache a 500 metros"... E pronto, la fomos descer a ribanceira num trilho aos S que nunca mais acabavam, para chegar ao sopé do monte, atravessar uma ponte e andar uns metros na Levada da Rocha Vermelha até à Casa dos Levadeiros. O caminho para o Rabaçal foi dos bocados de caminhada mais agrestes que já alguma vez fizemos, apesar de toda a paisagem envolvente ser brutal. Quando finalmente lá chegámos, achamos por bem ir para cima de carrinha, mesmo pagando 3 euros cada um (fecharam o trânsito para o Rabaçal há uns anos devido à estrada ser estreita, para evitar problemas com os turistas). A caminho de casa ainda achamos umas últimas forças para parar em vários locais do Paúl da Serra para virar uns calhaus à procurar de umas aranhas interessantes mas não tivemos sorte nenhuma.
Caminhada: devido aos demasiados S e ao facto de não se ver o trilho da Levada do Google Earth é impossível estimar o quanto andámos, mas foi uma brutal estafa...
Cachada: 6/9
Dia 4 (28 Set., segunda): Como já tinha combinado com a Dra. Ysabel Gonçalves lá no MMF e acordei com uma constipação considerável, hoje não estava para caminhadas de muitos km. Fomos de bus até ao Funchal e passamos a manhã no MMF a tratar dos assuntos que tinha para tratar. Almoçámos no Funchal e fomos visitar o Jardim Botânico, a convite da Celina. Foi interessante, especialmente a zona dos cactos e das suculentas.
Depois do Jardim estava na hora de ir para casa, pois o tempo parecia que estava para piorar, haviam nuvens no céu e até caíram uns pingos. De qualquer forma, lá fomos andando, com calma. No caminho parámos no complexo balnear do Lido e decidimos experimentar a piscina natural que existia além das piscinas tradicionais, o mar talvez fizesse bem a minha constipação. Foi um momento agradável e acabamos por tratar da earthcache que tínhamos falhado na sexta-feira. Fomos para casa e começámos a pensar se iríamos para o campo no dia seguinte, dependendo do agravar ou melhorar da minha constipação.
Caminhada: levezinha mas ainda assim uns km do Funchal a São Martinho.
Cachada: 7/9
Dia 5 (29 de Set., terça): E levantar as 7 da matina de férias? Isso é que é. Como hoje estávamos dependentes da boleia da Celina até ao Funchal, acordámos por essa hora, e como me sentia melhorzito (mas ainda bem constipado) decidimos ir fazer uma das Levadas mais populares da Madeira, o Caldeirão Verde. Então lá fomos apanhar o bus que nos levaria até Santana pelo meio dos montes. Uma vez chegados a Santana saberíamos que o melhor que tínhamos a fazer era apanhar um táxi para a Casa das Queimadas pois caso contrário eu chegava lá acima e já não tinha forças para fazer a levada. Chegados às Queimadas iniciámos a levada e esta tornou-se o mais rico roteiro micológico que tanto eu como a Sandra alguma vez vimos! Fungos para todos os gostos, desde os típicos cogumelos de chapéu e pé, passando por fungos bola, fungos taça, Lycoperdon (os ingleses chamam-lhes puffballs), fungos corais, fungos prateleira, fungos "nhanha" e fungos em ninho de ovos (Cyathus striatus), aqui estão alguns:
Depois de passarmos por vários túneis lá chegámos ao Caldeirão Verde, sempre acompanhados pelo forte verde da laurissilva, intercalado somente or esses bocados de escuridão cerrada descritos. No Caldeirão, tiramos as medidas a um calhau que lá estava para logarmos uma earthcache e almoçámos por lá, de modo a disfrutar do local.
Como eu cá não tinha muitas condições para continuarmos a levada na direcção do Caldeirão do Inferno e precisávamos de voltar a tempo de apanhar boleia da Celina que nos viria buscar, decidimos voltar para trás. No caminho de volta, a Sandra conseguiu meter a pata na levada depois de escorregar mas felizmente não se aleijou nem se molhou muito pois a levada era baixa naquele ponto, isto já foi o segundo azar pois no caminho para o Caldeirão ela já tinha conseguido dar uma bela cabeçada numa árvore tombada no caminho. O caminho de volta foi sem grandes paragens, até porque ainda teríamos de descer até Santana. Já nas Queimadas, enquanto recuperávamos algumas forças para enfrentar uma aborrecida caminhada no asfalto até Santana, um simpático casal francês que nos tinha visto a chegar de táxi de manhã ofereceu-nos boleia até Santana. Weee! Tivemos a oportunidade de praticar o nosso francês, que é muito pobre, diga-se... E pronto, em Santana, fizemos pouco mais que esperar que chegasse a Celina e regressámos a casa.
Caminhada: se não estou em erro o percurso das Queimadas ao Caldeirão são 6 km, por isso, uns 12 km mais umas centenas de metros em Santana.
Cachada: 8/10
Dia 6 (30 de Set., quarta): Para a nossa última caminhada planeámos fazer o trilho de montanha que vai do Pico do Areeiro até ao Pico Ruivo. Infelizmente, quando acordámos estava a chover no Funchal mas lá fomos, à boleia da Celina que como só tinha de estar no Funchal às 10 e tal, pôde levar-nos lá acima. Ainda pensámos que pudesses estar melhor na montanha mas quando estávamos aí aos 1000 metros apercebemo-nos que era geral e ficámos pelo café do Pico do Areeiro à espera que o tempo melhorasse. Era chuva, nevoeiro, vento e frio, pelo que caminhar era impossível, só para malucos mesmo. Parece que a montanha terá de ficar para uma próxima vez... Ainda por cima, tinha grande esperança em encontrar aranhas interessantes nesta caminhada... :((
Aí pelas 11 e tal decidimos voltar para baixo e tivemos a grande sorte de apanhar boleia de um simpático casal inglês a quem pedimos o jeitinho, que eles íam de táxi para baixo. Pelo caminho tivemos a oportunidade de ter uma conversa interessante com eles e o motorista. Ficaram um bocado espantados por sermos biólogos, e foi uma conversa pitoresca. De volta ao Funchal, lembramo-nos de ir tentar novamente uma das caches falhadas no dia 1, desta vez conseguimos. Demos 1 ou 2 giros e começamos a voltar para casa pois o tempo estava chuvoso e ainda tínhamos de ir arrumar mochilas para ir embora na quinta. Ao jantar, um último mimo da Celina aos hóspedes, peixe-espada-preto no forno!
E pronto, foi isto, foram férias mais saudáveis que já tive uma vez que não me recordo de andar tanto em tanto dia seguido. Acordar cedo (nunca depois das 9) e deitar cedo todos os dias (nunca depois da meia-noite), para ir conhecer um pouco da Madeira. Ainda deixámos muito para fazer, pelo que voltaremos, certamente.
Dia 0 (24 Set.): como o nosso vôo era à tarde, chegámos a casa da Celina já ao final da tarde, o único registo digno de se fazer é que ao jantar fomos provar a típica espetada em pau de loureiro a um restaurante. Estava do melhor!
Dia 1 (25 Set., sexta): como eu queria ir ao Museu Municipal do Funchal (MMF) para pedir acesso a material biológico que está depositado lá, e como ainda não tínhamos delineado muito bem a coisa, decidimos ficar pela civilização neste dia. Aproveitámos para começar a fazer geocaching pelas urbanas que haviam pelo Funchal e tivémos um péssimo aproveitamento, 0 em 3, que horror... Aproveitámos para comprar uns maracujás no Mercado dos Lavradores: ficámos um bocado abananados com os 15 euros que gastamos mas pelos vistos é um preço normal para o que trouxemos. Almoçamos na fast-food para despachar pois além de termos caches para fazer queríamos ir ao turismo arranjar uns mapas e ainda ao MMF, pois além de querer ir lá pelo motivo que já referi fiquei a saber que têm lá uma exposição de aranhas, e pronto, não podiamos mesmo deixar de lá ir. Para os curiosos, a exposição contém espécimes vivos de algumas das aranhas madeirenses mais exuberantes, a nível de tamanho, com especial destaque para as do género Hogna, pois este género é bastante diverso no arquipélago madeirense, com a Hogna ingens como sendo o membro mais imponente, esta aranha endémica só se encontra na Deserta Grande e é - segundo consta - o maior Lycosidae do planeta. Também de realçar a Hogna schmitzi, espécie endémica de Porto Santo, e altamente vistosa, com as patas de um cor-de-laranja vivo (devido a pêlos existentes nestas secções). Infelizmente, a pessoa que precisava de contactar para aceder ao material deles não estava e tive de voltar a combinar passar no MMF na segunda-feira. Depois disto, começamos a dirigirmo-nos para casa pois ainda havia uns km a percorrer até lá. Pelo caminho de volta encontramos a Rua dos Aranhas! :)
Durante o tempo que passamos nas estradas principais do Funchal, tivemos a oportunidade de nos rir com a campanha do PND para as legislativas. Um carro fúnebre passava volta e meia com a mensagem de "vamos sepultar a corrupção" e com altifalantes a passarem músicas minimamente estranhas para este tipo de coisas. Isso, e os coelhinhos de cartão que foram colocados por toda a cidade (já não me lembro o que diziam os coelhinhos).
Regressados a casa da Celina, depois de uma bela caminhada até São Martinho, decidimos que a primeira caminhada no campo seria à Ponta de São Lourenço.
Caminhada: 14,7 km (aprox.)
Cachada: 0/3
Dia 2 (26 Set., sábado): Então lá fomos nós para a Ponta de São Lourenço de manhãzinha, uma vez que a Celina foi espectacular connosco e entre muitas outras coisas que nos facilitou, emprestou-nos o jeep dela para o fim-de-semana. Como nós temos o péssimo hábito de dificultar a nossa própria tarefa enganámo-nos no estacionamento. Em vez de deixarmos o carro em N32º44.556' W16º42.088' parámos em N32º44.932' W16º42.399', se tivéssemos feito certinho é que seria de estranhar... Anyway, lá fomos calmamente, virando uns calhaus para ver o que aparecia com 8 patas. A caminhada iria começar a tornar-se mais agreste pois o sol estava a ficar bem alto e na Ponta não há sombra nenhuma mas lá chegámos ao destino, e fizemos a nossa primeira cache bem sucedida na Madeira (yey), Oasis. O problema era agora voltar para trás... Doeu bastante, mas fomos recompensados depois de chegarmos ao carro, pois assim que voltamos para trás encontrámos a placa da praia natural "Praínha", pelo que decidimos revigorar as nossas forças aí, nunca tinha experimentado praia de areia escura, muito porreirinha, a temperatura da água estava do melhor e bebi a Brisa Maracujá mais saborosa destas férias tal era o cansaço e a necessidade de refrescar. Findado este momento de lazer voltamos para trás e uma vez que ainda era cedo lá fomos fazer mais uma cache na zona de Machico que tava no caminho e como o jantar ainda não era para já ainda fomos dar um salto ao Cabo Girão para logar a earthcache de lá. Depois de muitas voltas por lá meio perdidos nas Fajãs do Cabo Girão lá encontramos o Cabo propriamente dito (optámos pela saída errada da via rápida). Já estava a cair o nevoeiro da noite nessa altura mas ainda deu para aproveitarmos o local um bocadito antes de voltarmos para casa. O jantar desse dia foi um belo bife de atum no forno com miscelânea de vegetais, do melhor, e mais uma vez, só temos de agradecer à Celina por nos ter confeccionado tal refeição. Depois do jantar, a Celina levou-nos a Câmara de Lobos para provarmos a poncha e a nikita, duas bebidas alcoólicas made in Madeira, eu como não sou apologista de coisas com muito álcool, achava a poncha um bocado dura mas a nikita bebe-se bem.
Caminhada: 8,3 km (aprox.), mas durinhos...
Cachada: 3/6
Dia 3 (27 Set., domingo): Para aproveitar o facto de termos o jeep da Celina à nossa disposição decidimos ir desta vez para a zona do Paúl da Serra e visitar o Rabaçal com a Levada das 25 Fontes como alvo principal. Partimos de manhã e fizemos a primeira paragem na Encumeada, onde procuramos a cache do mesmo nome que fica na Levada das Rabaças (que pensávamos que era a L. do Folhadal). Depois de encontrada a cache e findada a respectiva caminhada de aquecimento, lá fomos em direcção ao Paúl da Serra, um verdadeiro planalto no meio das montanhas e arribas da Madeira. Caminhámos até ao Rabaçal (é a descer para lá) e almoçámos por lá. De seguida achámos a cache da Rocha dos Louros que fica ali perto e fomos fazer a Levada das 25 Fontes. Neste primeiro dia de laurissilva o cenário era novo para nós e foi com muito prazer que fizemos esta Levada. O início da Levada é bastante curioso pois parece que são mesmo 25 fontes que pingam para a piscina.
Depois de feita esta Levada era hora de voltar para trás, pois o cansaço já se começava a acumular. E, pela milionésima vez, fomos os piores do mundo, pois quando já estávamos a chegar ao Rabaçal, olhámos para o GPS "olha, temos cache a 500 metros"... E pronto, la fomos descer a ribanceira num trilho aos S que nunca mais acabavam, para chegar ao sopé do monte, atravessar uma ponte e andar uns metros na Levada da Rocha Vermelha até à Casa dos Levadeiros. O caminho para o Rabaçal foi dos bocados de caminhada mais agrestes que já alguma vez fizemos, apesar de toda a paisagem envolvente ser brutal. Quando finalmente lá chegámos, achamos por bem ir para cima de carrinha, mesmo pagando 3 euros cada um (fecharam o trânsito para o Rabaçal há uns anos devido à estrada ser estreita, para evitar problemas com os turistas). A caminho de casa ainda achamos umas últimas forças para parar em vários locais do Paúl da Serra para virar uns calhaus à procurar de umas aranhas interessantes mas não tivemos sorte nenhuma.
Caminhada: devido aos demasiados S e ao facto de não se ver o trilho da Levada do Google Earth é impossível estimar o quanto andámos, mas foi uma brutal estafa...
Cachada: 6/9
Dia 4 (28 Set., segunda): Como já tinha combinado com a Dra. Ysabel Gonçalves lá no MMF e acordei com uma constipação considerável, hoje não estava para caminhadas de muitos km. Fomos de bus até ao Funchal e passamos a manhã no MMF a tratar dos assuntos que tinha para tratar. Almoçámos no Funchal e fomos visitar o Jardim Botânico, a convite da Celina. Foi interessante, especialmente a zona dos cactos e das suculentas.
Depois do Jardim estava na hora de ir para casa, pois o tempo parecia que estava para piorar, haviam nuvens no céu e até caíram uns pingos. De qualquer forma, lá fomos andando, com calma. No caminho parámos no complexo balnear do Lido e decidimos experimentar a piscina natural que existia além das piscinas tradicionais, o mar talvez fizesse bem a minha constipação. Foi um momento agradável e acabamos por tratar da earthcache que tínhamos falhado na sexta-feira. Fomos para casa e começámos a pensar se iríamos para o campo no dia seguinte, dependendo do agravar ou melhorar da minha constipação.
Caminhada: levezinha mas ainda assim uns km do Funchal a São Martinho.
Cachada: 7/9
Dia 5 (29 de Set., terça): E levantar as 7 da matina de férias? Isso é que é. Como hoje estávamos dependentes da boleia da Celina até ao Funchal, acordámos por essa hora, e como me sentia melhorzito (mas ainda bem constipado) decidimos ir fazer uma das Levadas mais populares da Madeira, o Caldeirão Verde. Então lá fomos apanhar o bus que nos levaria até Santana pelo meio dos montes. Uma vez chegados a Santana saberíamos que o melhor que tínhamos a fazer era apanhar um táxi para a Casa das Queimadas pois caso contrário eu chegava lá acima e já não tinha forças para fazer a levada. Chegados às Queimadas iniciámos a levada e esta tornou-se o mais rico roteiro micológico que tanto eu como a Sandra alguma vez vimos! Fungos para todos os gostos, desde os típicos cogumelos de chapéu e pé, passando por fungos bola, fungos taça, Lycoperdon (os ingleses chamam-lhes puffballs), fungos corais, fungos prateleira, fungos "nhanha" e fungos em ninho de ovos (Cyathus striatus), aqui estão alguns:
Depois de passarmos por vários túneis lá chegámos ao Caldeirão Verde, sempre acompanhados pelo forte verde da laurissilva, intercalado somente or esses bocados de escuridão cerrada descritos. No Caldeirão, tiramos as medidas a um calhau que lá estava para logarmos uma earthcache e almoçámos por lá, de modo a disfrutar do local.
Como eu cá não tinha muitas condições para continuarmos a levada na direcção do Caldeirão do Inferno e precisávamos de voltar a tempo de apanhar boleia da Celina que nos viria buscar, decidimos voltar para trás. No caminho de volta, a Sandra conseguiu meter a pata na levada depois de escorregar mas felizmente não se aleijou nem se molhou muito pois a levada era baixa naquele ponto, isto já foi o segundo azar pois no caminho para o Caldeirão ela já tinha conseguido dar uma bela cabeçada numa árvore tombada no caminho. O caminho de volta foi sem grandes paragens, até porque ainda teríamos de descer até Santana. Já nas Queimadas, enquanto recuperávamos algumas forças para enfrentar uma aborrecida caminhada no asfalto até Santana, um simpático casal francês que nos tinha visto a chegar de táxi de manhã ofereceu-nos boleia até Santana. Weee! Tivemos a oportunidade de praticar o nosso francês, que é muito pobre, diga-se... E pronto, em Santana, fizemos pouco mais que esperar que chegasse a Celina e regressámos a casa.
Caminhada: se não estou em erro o percurso das Queimadas ao Caldeirão são 6 km, por isso, uns 12 km mais umas centenas de metros em Santana.
Cachada: 8/10
Dia 6 (30 de Set., quarta): Para a nossa última caminhada planeámos fazer o trilho de montanha que vai do Pico do Areeiro até ao Pico Ruivo. Infelizmente, quando acordámos estava a chover no Funchal mas lá fomos, à boleia da Celina que como só tinha de estar no Funchal às 10 e tal, pôde levar-nos lá acima. Ainda pensámos que pudesses estar melhor na montanha mas quando estávamos aí aos 1000 metros apercebemo-nos que era geral e ficámos pelo café do Pico do Areeiro à espera que o tempo melhorasse. Era chuva, nevoeiro, vento e frio, pelo que caminhar era impossível, só para malucos mesmo. Parece que a montanha terá de ficar para uma próxima vez... Ainda por cima, tinha grande esperança em encontrar aranhas interessantes nesta caminhada... :((
Aí pelas 11 e tal decidimos voltar para baixo e tivemos a grande sorte de apanhar boleia de um simpático casal inglês a quem pedimos o jeitinho, que eles íam de táxi para baixo. Pelo caminho tivemos a oportunidade de ter uma conversa interessante com eles e o motorista. Ficaram um bocado espantados por sermos biólogos, e foi uma conversa pitoresca. De volta ao Funchal, lembramo-nos de ir tentar novamente uma das caches falhadas no dia 1, desta vez conseguimos. Demos 1 ou 2 giros e começamos a voltar para casa pois o tempo estava chuvoso e ainda tínhamos de ir arrumar mochilas para ir embora na quinta. Ao jantar, um último mimo da Celina aos hóspedes, peixe-espada-preto no forno!
E pronto, foi isto, foram férias mais saudáveis que já tive uma vez que não me recordo de andar tanto em tanto dia seguido. Acordar cedo (nunca depois das 9) e deitar cedo todos os dias (nunca depois da meia-noite), para ir conhecer um pouco da Madeira. Ainda deixámos muito para fazer, pelo que voltaremos, certamente.
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