sexta-feira, 4 de junho de 2010

Açores, a chegada

Bem, para quem não sabe ainda no dia 31 de Maio voei para os Açores, (ilha Terceira) já que fui aceite para trabalhar num projecto envolvendo artrópodes endémicos do arquipélago. Como agora estou longe da malta, deverei colocar frequentemente uns posts por aqui para contar as minhas aventuranças na região.

O vôo correu bem e a aterragem foi atribulada. Apercebi-me no avião que quem aparentava estar mais preocupado com a turbulência eram os forasteiros, já que os açorianos que me rodeavam estavam calma e serenamente a falar sobre as mil aterragens mil vezes mais atribuladas que aquelas às quais já sobreviveram.

Nos Açores estava de chuva e no continente estava calor. Aparentemente, é normal. Não! O que estou a dizer? Nada é normal a nível de condições climatéricas aqui, tudo é instável. Tanto pode estar sol como de repente vir nevoeiro e chuva. Tem é que se aprender a lidar com isso. Na verdade, para mim, que ando sempre com mochila, não me afectam muito as intempéries já que passo a enfiar o impermeável na mochila. Mas lá que chove… chove. A humidade é tanta que nos poucos locais onde a mão humana não chega o chão é composto por musgos e outros parentes (briófitos para os biólogos) de tal modo que não se vê a terra. Espero vir a ter oportunidade para conhecer alguns desses locais.

Esta primeira semana foi passada a conhecer instalações, locais úteis pela civilização, fazer compras e procura de casa (ontem e hoje). Not my cup of tea, mas tem de ser. Não tenho muitas fotos para vos mostrar, portanto (até porque só tenho o mobile para tirá-las e portanto não haverá muita qualidade nas fotos que tirar).

Em relação ao meu futuro próximo posso avançar que encontrei casa para passar este mês de Junho (já que estou momentaneamente na casa de uma investigadora) perto da Universidade, e que amanhã irei começar o trabalho de campo que se avizinha duro, com bastantes viagens. Espero vir a conhecer alguns dos locais mais interessantes do ponto de vista natural dos Açores, e isso começará na ilha de São Miguel. Então o plano dita que, devido à recusa da SATA transportar propileno, o tenhamos que transportador por barco. Portanto, chegando à noite a Ponta Delgada teremos (eu e a Carla Rego, post-doc associada ao projecto) que partir no sábado de manhã para o Nordeste, povoação da zona com o mesmo nome em São Miguel, onde ficaremos alojados durante a semana de trabalho de campo, o qual começará per se na segunda-feira (pode ser que dê para encontrar a única cache no Nordeste, who knows?). O trabalho de campo será na Reserva da Tronqueira, na Atalhada e nos Graminhais (esta última será opcional, caso o tempo o permita) e consistirá em pitfalls com isco e batimentos de vegetação. O regresso está agendado para dia 13 (a ver se não me esqueço de levar um dicionário do dialecto micaelense...).

Alguns factos curiosos:

1 – tenho apanhado bastantes fechaduras resistentes por aqui. Ou porque abrem e fecham ao contrário ou porque precisam do jeitinho, algumas têm-se revelado um autêntico quebra-cabeças (até acontece que uma fechadura normal de fecho eléctrico se torna difícil porque eu estou a pensar já ao contrário, enfim…).

2 – hoje estava aqui calmamente na Internet quando fui surpreendido por grotescos chamamentos na rua. Eram nativos que chamavam por um touro, preso por uma corda. Estamos na altura da tourada à corda (de Junho a Setembro) e isto é uma tradição que eu desconhecia por completo. Teria piada se eu fosse averiguar o que se passava abrindo a porta e dando com um touro chateado à minha frente, mas tal não aconteceu, já que estava num primeiro andar.

1 comentário:

  1. E esse é o único tipo de touradas que eu aprovo, eheh. Essas sim, são divertidas.

    =)

    ****

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