sexta-feira, 25 de junho de 2010

São Miguel (II)

E lá fui eu novamente até São Miguel, juntamente com o Pardal, para ir buscar as armadilhas montadas há 15 dias atrás.
Desta vez, e porque não havia propileno para transportar, fui de avião. À chegado ao aeroporto, carro de aluguer pronto e lá fomos, calmamente rumo ao Nordeste. Pelo caminho, fizémos umas paragens estratégicas para procurar umas caches e, sobretudo, para conhecer alguns locais, até porque tendo a companhia do Pardal, aprende-se sempre qualquer coisa sobre aquele recanto, seja por um facto histórico curioso, uma tradição gastronómica interessante ou uma vista que merece ser apreciada.
A primeira paragem foi em Vila Franca do Campo, a ainda capital original de São Miguel (que, de
vido a catástrofes naturais, foi parcialmente destruída e portanto a capital da ilha passou provisoriamente para Ponta Delgada, que ainda hoje mantém esse título provisório que nunca chegou a ser alterado, segundo o Pardal), onde parámos numa estátua ao cão de fila de S. Miguel, uma raça típica da região, que fora criada numa miscelânea de cruzamentos de outras raças, para guardar o gado bovino. A respectiva cache foi encontrada com sucesso e pudemos seguir em frente até às Furnas.
Chegados às Furnas, e com tempo de sobra, fomos até ao local onde se fazem os conhecidos cozidos nas caldeiras (ou fumarolas?). Para ficarmos com o registo completo, decidimos parar num restaurante local e almoçar um destes cozidos. Devo confessar que não achei grande diferença, estava bom é claro, mas não lhe notei nada de muito diferente. Mais novidade achei o sabor do inhame, uma bolbosa usada aqui nos Açores, que substitui a batata em muitos pratos. Parece o dito tubérculo, mas a sua consistência é diferente, é menos seco porventura… É ok. A carne de vaca estava muito gostosa e só com o bandulho cheio nos fizemos à estrada, não sem an
tes comprar mais um stock de rebuçados tradicionais de São Miguel para a viagem.

Depois das Furnas, o destino seria Povoação, pequena localidade na costa Sul da ilha. Aí, altura para nos deslocarmos até ao centro da Povoação para logar uma cache das fáceis, que está por lá. Rapidamente concluímos esta missão.

Novamente de volta à estrada, com o destino de Nordeste. Neste troço, paragem no Miradouro da Ponta da Madrugada. Apreciadas as vistas, lá fomos até ao simpático Nordeste. Como havia tempo até ao jantar, decidimos ir adiantar trabalho e ir recolher as armadilhas de um dos transectos da Tronqueira, já que ficava relativamente perto (ver mapa do post “S. Miguel (I)”. Apanhámos um final de tarde espectacular na Serra da Tronqueira, com muitos priolos por perto a virem dizer “olá”, respondendo alegremente aos nossos assobios. Concluímos o transecto em tempo recorde, e pelas 20:45 já deveríamos estar a jantar n’O Tronqueira, o nosso habitual comedouro nocturno.

O 2º dia em São Miguel consistiu em “limpar” os transectos que faltavam, de manhã o 2º da Tronqueira, e depois à tarde os 2 do Planalto dos Graminhais. Pelo meio, almoçámos n’O Forno e uma pausa na localidade de Algarvia para achar uma cache, a qual não foi encontrada, depois de uma busca não muito demorada, junto de uma vigia da baleia. Já nos Graminhais, a progressão faz-se lenta e cuidadosamente. A turfeira em terreno acidentado assim o impõe, especialmente quando se leva uma mala térmica com tralha variada lá dentro, juntamente com uma mochila. Os abundantes musgos que cobrem o solo neste lugar muitas vezes ocultam fendas ou declives que podem ser perigosos, mas tudo correu às mil maravilhas.

Aqui eu no Planalto dos Graminhais, junto a um Juniperus brevifolia (cedro-do-mato, zimbro), uma árvore endémica dos Açores.

Durante a noite fizemos um forcing para ter as amostras prontas e podermos ir para a Terceira mais cedo. Neste momento, eis que acontece o momento dramático da expedição: um miúdo que estava no quarto ao lado – não sei como – parte uma janela de correr (de vidro) e caem-lhe estilhaços na perna, ferindo-o. Foi um belo corte, mas nada de grave. Ainda assim, houve um sururu no hotel durante a próxima hora, e afinal ainda nos faltavam algumas amostras para acabar e teríamos que labutar um pouco mais na manhã seguinte.

Com o último dia no Nordeste quase todo livre, fomos procurar o Centro Ambiental do Priolo, que o Pardal ainda não conhecia. Foi uma aventura, na medida em que só à 3ª tentativa, e depois de muitos telefonemas, que demos com o sítio. Já metiam umas placas! Depois disto fomos conhecer uma zona balnear e uma fajã, a Fajã do Araújo. As fajãs açoreanas são pequeninos planaltos em falésias escarpadas, criados por derrocadas, onde ainda resistem algumas casas tradicionais (ou não), no sentido em que muito dos seus materiais são oferecidos pelo que a Natureza dá. Infelizmente, a Fajã do Araújo contém já algumas casas mais para o Jet7, equipadas com muitos confortos da vida ocidental moderna, perdendo o seu antigo semblante tradicional e rústico. Ainda assim, foi uma bela passeata pela costa Sul de S. Miguel. Sem grandes objectivos em mente (neste dia o Pico da Vara estava encoberto) e com pouco tempo até o jantar, visitámos apenas 1 ou 2 miradouros antes de regressar pela última vez ao Nordeste.

No dia de regresso, ainda deu para andar por Ponta Delgada para “logar” mais umas caches (1 em 2 tentadas). Avião à hora de almoço e lá fomos nós de volta à Terceira.

(todas as fotos exibidas neste post foram na verdade tiradas na 1ª expedição, pelo Pardal)

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